sábado, 13 de dezembro de 2008

O gozo e suas vias


A "via por onde urino", referida no capítulo anterior, lembrou-me um episódio engraçadíssimo:

Uma cliente estava a ser atendida e pedia uma pomada ou qualquer coisa, que a aliviasse, porque não suportava a comichão na "boca do corpo"...
Outra senhora, que aguardava a sua vez, sorrindo, diz-lhe que não conhecia aquele termo, porque sempre lhe chamou a via por onde urinava...
Resposta pronta da outra:
- Para isso chame-lhe a "via do gozo"... já que é por aí que ainda temos algum prazer!...
A gargalhada foi geral, como devem imaginar, apesar de sabermos que uma "via" nada tem a ver com a outra!...

Amigo Dr........ Agradeço envie aquela lavagem para o pénis pois só arde na ponta e retem a urina

Nos homens a via do gozo não se apelida de boca do corpo, mas também eles têm problemas, e quando "o pénis arde na ponta e retem a urina" não deve ser nada agradável, daí a necessidade de algo para lavagem...

A gonorreia ou blenorragia é uma doença transmitida sexualmente que tanto pode afectar o homem como a mulher.

Perguntam agora por que estou a falar nesta doença?!?...

Vou contar-vos mais uma história, pois nos meios pequenos do interior, não é com este nome que ela é designada!... E por tal desconhecer passei mais uma vergonha!

Entra um cliente na Farmácia que, visivelmente atrapalhado pelo facto de estar uma mulher presente, neste caso eu, pede ao meu colega qualquer coisa para um "resfriado" que tinha apanhado numa ida à cidade.
Muito prestável, vou buscar vários anti-gripais para ver qual o pretendido...

Asneira!!!!!! Grande risota!... E eu sem entender nada!...

Perante a minha cara inquiridora e zangada, o meu colega, ainda gozando comigo, esclareceu-me então que o cliente não estava resfriado de constipado, mas sim tinha apanhado um "esquentamento", pois tinha ido "às meninas" onde contraiu a doença.
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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

As ténias e as lombrigas



As lombrigas são desde há muito um grande problema.
E o pior é que elas não escolhem idades...
Não imaginava eu que as atrevidas pudessem sair pela boca!...

Para reforçar esta história posso contar-vos outra idêntica:

Uma nossa doente e cliente habitual queixava-se frequentemente do mesmo problema, insistindo que até as sentia a picar na garganta...
Já tinha tomado muita coisa mas nada lhe fazia efeito...
Nesse dia levou mais um anti-helmíntico para, mais uma vez, ver se deitava fora "aquelas malvadas"...
Na semana seguinte, volta à farmácia toda satisfeita, dizendo que tinha conseguido deitar várias lombrigas fora e, para nosso espanto, tira um frasco, do saco que trazia consigo, exibindo com orgulho uma enorme lombriga que tinha conseguido puxar da garganta...
- Eu não lhe dizia que as sentia a picar?!...
- Aqui está a malvada!...
Repetia enquanto insistia para que olhássemos...

Não foi fácil convencê-la a guardar a sua relíquia, era quase um troféu conquistado, que tinha que forçosamente ser exibido. Os contemplados tinhamos sido nós e seguidamente o seu médico!




Como podem confirmar, é um facto as ditas "bichas" saírem inteiras. Com ajuda de comprimidos ou de xarope, doce de preferência, é preciso é que elas venham cá para fora!...

...
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Recomendação:
- A fim de evitar contaminações, é aconselhável que este tipo de tratamento antiparasitário seja feito em simultâneo por todos (família e animais) que coabitam no mesmo espaço.

sábado, 29 de novembro de 2008

O vinho e as vindimas




Outono... Vindimas...
... começa a agitação...

Há que preparar depósitos, tanques, pipos, cubas, etc.

É necessário:
- Produto para lavar os pipos...

Vendi muita soda cáustica, avulso, e também potassa, para esta operação. Quando as vasilhas, pipos e tonéis apanhavam bolor ou tinham tido vinho toldado, havia necessidade de desencascar todos os resíduos, para evitar que a colheita seguinte pudesse ser afectada. Felizmente que a evolução trouxe o Hosbit e o Kaplon, já embalados, que vieram facilitar a vida. Só é necessário aumentar ou diminuir a dose em função do tipo de lavagem que se pretende.

- Se faz favor, quero ácido para banhar o depósito...
- Olhe que ele é novo!...

E então??...
Lá pesamos nós 100 gramas de ácido tartárico para cada litro de água a utilizar, com a recomendação de aplicação com uma trincha, como se fosse pintar o depósito.
Neste caso, como o depósito é novo, é necessário deixar secar a primeira aplicação e repetir a operação, para que não se venha a notar o "sabor" a cimento.
Normalmente o cálculo da quantidade necessária de ácido fazia-se perguntando quantos litros de tinta seriam precisos para pintar o referido tanque ou depósito. Quaisquer dois ou três litros eram quase sempre suficientes.

A propósito destes bilhetes posso esclarecer que o ácido tartárico e o metabissulfito de potássio, são utilizados para a desinfecção e conservação do vinho, misturando-se ao mosto quando as uvas são pisadas e antes de começar a ferver.
....


Convém ter muita atenção com o metabissulfito, pois se for misturado já iniciada a fervura do mosto, esta pode parar e, estraga-se tudo!...

Quando o metabissulfito não é posto ao pisar das uvas, já sabemos que iremos fazer "papéis", para pôr em "bonecas de pano" que, antes de batocar os pipos, irão ser mergulhadas no vinho e depois deixadas suspensas.

Estes papéis, para quem não sabe, são pequenos embrulhos feitos em papel costaneira, dobrados seguindo as normas das "boas práticas" farmacêuticas.

Batocar é o nome dado ao colocar dos batoques, que são aquele tipo de rolhas grandes próprias para pipos e tonéis.

...

Curiosidades:
- 1 Grama de metabissulfito para cada 10 litros de vinho.
- 6 Gramas de ácido tartárico para cada 10 litros de vinho.
- Cada cesta ou poceiro dá mais ou menos 20 litros de vinho.
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Mais uma vez reduzi o número de bilhetes deste capítulo..., mas, posso dizer-vos que no livro vão encontrar, distribuidas por todos eles, doze maneiras diferentes de escrever metabissulfito!!!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

A drogaria e suas drogas

Por estranho que pareça também, na Farmácia existia a secção de drogaria...

... Das anilinas ( amarela para o chão e castanha e preta para o calçado) à creolina...
... do

... óleo de risso???
Até lembra rissóis, mas não, não é nada disso...

Era mesmo óleo de rícino, neste caso para pôr nas botas e sapatos de pele que, na falta de sebo para as ensebar, eram esfregadas com este óleo para as impermeabilizar.

O óleo de rícino também é utilizado para preparações de exames médicos, para limpar os intestinos, para um melhor diagnóstico. É um método intragável, mas eficaz. Aconselho, a quem tiver que tomar um daqueles frasquinhos, que tenha logo por perto um bom copo de sumo de laranja ou café para cortar a gordura e o sabor horrível do óleo na garganta.
...
Era e ainda é na Farmácia que se vendem naftalina e cânfora utilizadas para pôr dentro dos roupeiros ou malas, a fim de evitar a traça.

A naftalina também pode ser utilizada, imaginem, para matar as toupeiras. Não, não tentando acertar-lhes com as bolas, mas sim introduzindo-as nos buracos que elas vão minando na terra. Também resulta encher esses buracos de água, mas não sei dizer se elas morrem afogadas ou pura e simplesmente fogem para bem longe...

Tanto a cânfora como a naftalina eram vendidas à unidade, o que nos deixava um cheiro magnifico o resto do dia... Era engraçado ver as clientes a fazer as contas de quantas bolas, ou pedras iam necessitar em função dos armários, malas e gavetas. Agora já temos tudo embalado, o que evita o contacto directo com o produto, e, portanto não se fica a cheirar a anti-traça!...

Um pedido muito frequente era:

- um garrafo de ácido para soldar...

Pretendiam o ácido clorídrico, também conhecido por muriático, muito utilizado pelos serralheiros para soldar zinco e estanho.

A propósito de ácido... neste caso súlfurico...

- Sabem que ele é "macho"???...

Um cliente pede-me o dito ácido para desentupir canos, e como eu o alertei para o perigo de deitar água directamente em cima, podendo salpicar e provocar queimaduras, ele responde-me:

- Não se preocupe minha senhora, eu sei que é perigoso, ele é "macho", trabalha por cima...

Imaginem a minha cara!...
Estamos sempre a aprender!
...
...

Pois é... só pretendemos 500g de perborato de sódio, utilizado como branqueador, essencialmente na roupa branca, quando adicionado ao detergente das máquinas de lavar roupa.

Também para a roupa nos era solicitada goma para engomar. Falo da goma crua, que era vendida em pequenas quantidades. Bastava dissolver um pouco em água, mergulhar nesta os paninhos ou toalhas e deixar secar um pouco até serem passados a ferro para, então, obter aquele bonito efeito das rendas e bordados mais em relevo e encorpados.

Além da goma crua existe ainda a goma adragante ou alcatira, usada para fixar as próteses dentárias. Agora já existem vários produtos para esse efeito, tanto em pó como em creme, que, como é óbvio, levaram a que esta caísse em desuso.

Para finalizar, não posso esquecer a goma arábica que serviu durante anos e anos para fazer a cola com que, por exemplo, se colavam as etiquetas dos medicamentos nas receitas.

- "Remédio" para o bicho do feijão?!?

- Quero veneno para o bicho do milho e do feijão... tem é que me arranjar dois "garrafos"..., um para a arca do milho e o outro para o feijão.

Este, para mim, foi dos produtos que mais me custou a manusear. Falo do sulfureto de carbono, que tem um cheiro horrível!

Hoje, felizmente, isto já passou à história; já existem pastilhas para esse efeito, mas "no meu tempo", tínhamos que arranjar frascos de vidro (normalmente aproveitávamos os de Martini, vazios, do café mais perto...), para posteriormente lavar em série e encher com o sulfureto, que empestava toda a Farmácia e todos nós.
Esses frascos eram colocados dentro das arcas ou dos sacos onde estavam os cereais, destapados ou com cortes na rolha de cortiça, ou sem rolha mas com um pano atado à volta do gargalo, para o sulfureto se ir evaporando lentamente.
...
...
Perante isto, já devem ter percebido que todos os produtos que agora se compram devidamente embalados e rotulados, já foram vendidos avulso por todas as Farmácias. Da benzina à vaselina, da aguarrás (essência de terebentina) ao óleo de amêndoas doces...

Curiosidades:
A água destilada era destilada na própria Farmácia!...
...
O álcool puro ia para a farmácia em bidões de 100 litros, que tinham que ser despejados para frascos de vidro, para depois ser vendido avulso. Essa melindrosa operação era normalmente feita por aspiração através de um bocado de mangueira, tentando desperdiçar o menos possível de álcool, mas essencialmente evitando a sua chegada à boca!
Já o álcool desnaturado ia em embalagens de 25 litros, mas o processo tinha que ser o mesmo do álcool puro, correndo os mesmos ou mais riscos!

Felizmente que, para o bem-estar de todos surgiram os produtos químicos devidamente embalados, evitando todos estes riscos até chegar às mãos do consumidor final.




domingo, 9 de novembro de 2008

A veterinária, os ferradores e os curiosos

Diz o ditado:
De sábios, médicos e loucos todos temos um pouco, mas também de veterinários...

...
Os animais são muitos e os veterinários ... poucos e caros, daí a ajuda da Farmácia ser preciosa.

- Olhe, desculpe, queria que me arranjasse uma injecção "com licença" para um porco...
_ Queria aí umas vitaminas, ou qualquer coisa, para um marrano que lá tenho... Nem come, nem bebe, só lá está deitado...

Aqui o produto mais procurado era um cálcio com vitaminas que dava para todos os animais, das cabras às galinhas, dos porcos às ovelhas!...
Marrano = porco
Descobri mais tarde que marrano deriva de marrã, designação dada à porca jovem!...

- Quero remédio para a peeira das ovelhas, mas é do roxo... daquele das latas amarelas.
O remédio roxo da lata amarela não era mais do que Terramicina nebulizador vet.
...
- Queria um pó para uma porca não fazer lua!...
Ou também pediam o inverso, em função de ser altura dos animais serem ou não capados...

Curiosamente Anti-sex e Vita-sex que, entretanto foram retirados do mercado.

Acontecia, por vezes, os animais começarem com borbulhas, que, com o coçar e a inflamação, chegavam a provocar peladas, sendo para isso utilizada a glicerina iodada.....
Além de todas estas maleitas os animais têm muitas mais... entre mais umas... os "cravos"

...
Não ficam com dúvidas que um bom "farmassete" tinha que saber dar resposta a todas estas solicitações?!?...
;)

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Este é um capítulo com muitos episódios e papelinhos onde mais uma vez tive que fazer uma pequena triagem...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

As bruxas, os bruxedos e as bruxarias

Uns há que acreditam em Deus e em Nossa Senhora, outros há que são mais pelas bruxarias...
Vai daí lá vão eles ou elas, de táxi rumo àquela que já adivinhou "este mundo e o outro"...
Umas porque os namorados as deixaram... e coitaditas não comem, não dormem, estão a definhar a olhos vistos.
Os casos são muitos, todos estranhos e confusos, quase todos diferentes, mas o engraçado é que a receita é quase sempre a mesma:
- Um belo purgante feito à base de sene e maná, sulfato de magnésio e por vezes com umas ameixas secas cozidas...

Nada melhor para limpar tudo!.. estômago, intestinos, depois é só tomar uns caldinhos de galinha até se ter em pernas!...;)

Meio cilito de azeite às 4 da tarde, a seguir ó azeite uma chavina de chá de laranjeira, passa de 20 minutos o caldo de galinha, outro dia chá da folha da senna - 50$oo de maná, 50$00 plougante salamo, um qualto de ameixas secas tudo cozido num litro de água, todo dia beber água ó caldo da galinhas.
.................................................................................................

folha da senna, ou da cêna = folha de sene (laxante)
plougante salamo, salagramo, prugante salamárgo = purgante de sulfato de magnésio, também designado de sal amargo (30gramas)
cilito = decilitro
qualto de ameixa = quarto de quilo = 250 gramas de ameixas secas
maná = suco resinoso, adocicado, que depois de seco se pode utilizar como purgante


Mudam-se os tempos mudam-se as vontades, já dizia o poeta, e é bem verdade...
Reparem no que é a evolução dos tempos!
Como podem verificar, aqui não se fala nos produtos a utilizar porque provavelmente, se depreende que já existe a preparação na farmácia, mas atentem bem em todos os outros cuidados e recomendações...

Em especial na dieta...
O geral até se entende, mas qual será o inconveniente de molhar os pés ou as mãos em água fria?!?!?
Esta nem eu ainda entendi!
Ah.. se repararem no canto superior direito, existe uma recomendação: 2 cópias dos meus pais e de mim.
O tratamento destinava-se a toda a família!...

Além destas "suculentas" receitas, as bruxas recomendavam ainda os defumadouros...
Tinham que ser feitos pela casa toda, pelos cantos, para espantar "os bruxedos"...
Podiam ser feitos de muitas maneiras:
- com incenso,
-com mirra,
- com folhas de eucalipto, etc.

O incenso e a mirra, como calculam, também são (eram) vendidos na farmácia!


Pelo que consegui apurar, juntavam os vários componentes numa lata onde pudessem pôr a arder, e lá iam com ela fumegante correr toda a casa...

Hoje em dia já se vendem embalagens com algumas misturas, prontas a queimar para este fim.

Algumas destas curandeiras utilizam apenas os defumadouros, umas velas acesas e umas orações a determinado "santo"...
... E também curam tudo!!!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Sanados os problemas...

Sanados os problemas que vos impediram de visitar as Estórias, e contando com a vossa compreensão para este tipo de "febres", ou quiçá, "maus olhados"... ;) vou continuar! Vêm aí as Bruxas....
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Curiosamente, ou mera coincidência , o próximo capítulo do livro, As bruxas, os bruxedos e as bruxarias, vai ser aqui referido provavelmente no mesmo dia em que há festejos sobre elas, 31 de Outubro, o dia das bruxas ou Halloween!

Esta festa, ou comemoração, de origem celta, tem mais de 2500 anos. Eles acreditavam que neste dia/noite, os espíritos voltavam às suas casas. Para afastarem estes fantasmas colocavam objectos assustadores, desde caveiras a abóboras e ossos decorados, à volta das casas. Por ser uma festa pagã, chegou a ser condenada na Europa , na Idade Média, pela Inquisição levando à perseguição e condenação à fogueira, daqueles que a comemoravam.

Hoje em dia resgatam-se estas referências de fantasmas, bruxas, caveiras, abóboras e outras figuras assustadoras, para fazer a festa, e, são principalmente as crianças, quem mais se diverte, percorrendo porta a porta, com a frase "bolinho ou pão por Deus", ou "doçuras ou travessuras", (trick or treat), aguardando que os donos da casa dêem qualquer coisa, das nozes às bolachas, dos rebuçados aos chocolates, ou até a moedinha por alma dos falecidos...
Vão cantarolando:
Pão por Deus/ fiel de Deus/ bolinho no saco/andai com Deus.
Bolinhos e bolinhós para mim e para vós/ para dar aos finados/ que estão mortos e enterrados /à porta daquela cruz....

Se a porta se abre...
Esta casa cheira a broa/aqui mora gente boa/esta casa cheira a vinho/aqui mora um santinho.
Se a porta fica fechada:
Esta casa cheira a alho/aqui mora algum bandalho/esta casa cheira a unto/aqui mora algum defunto.

Meras curiosidades abordadas ao de leve!... Dia das Bruxas - halloween

Falhas

Falhas.... a informática tem destas coisas... :(
Por qualquer motivo alheio à minha vontade, constatam-se algumas dificuldades em aceder às Estórias...
Espero brevemente descobrir e/ou solucionar o problema.
As minhas desculpas

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Há de tudo como na Farmácia


Há de tudo como na Farmácia...

Mas será que há???...

Num desses dias normais e pacatos duma farmácia de província sou confrontada com uma ofegante senhora, cheia de pressa que pretendia um terço...
Terço???... sim...
O vulgar rosário utilizado para rezar os Pais Nossos e Avé-Marias...

Eu explico: esta crente senhora ia a caminho de Fátima para cumprir uma promessa, quando se lembrou que tinha deixado o seu terço em casa, e, baseada no há de tudo como na farmácia, achou que eu lhe satisfaria o pedido.
Agora acreditem que lamentei não lhe poder valer, pois na realidade, a fé que ela transmitia era imensa e a falta do terço parecia ser o impedimento para a concretização da promessa por ela feita, sabe-se lá em que aflição...

sábado, 25 de outubro de 2008

As mezinhas


O termo deriva do latim medicina, «remédio».

Mezinhas podem ser consideradas os remédios ou receitas caseiras com que, antigamente, se tratavam muitos males, em pessoas ou animais, principalmente em zonas onde não chegavam os médicos nem os seus conhecimentos, onde apenas existia a parteira, o ferrador, o curioso...
...

Alvaide de zinco para tirar o "pisado" (hematomas).
O alvaide era amassado com água formando uma pasta que se aplicava sobre a nódoa negra.
...
Agora é evidente que o Thrombocid e o Hirudoid ou o mais recente Arnidol resolvem o problema.

Preparados???

Certamente não esperam ter aqui todo o conteúdo das Estórias!...

Portanto, vou seleccionar algumas das melhores (estórias), na expectativa de aguçar alguns apetites para a sua posterior leitura, quem sabe num exemplar autografado!!!

De cada capítulo terão no mínimo um "bilhetinho" e uma "estória"!

Disfrutem!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Mais umas imagens!








Eu estava tão feliz... Consegui mais uma vez reunir familiares e amigos!... ;)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

As Estórias em Lisboa...

As Estórias tiveram o privilégio de renascer em Lisboa, no Museu da Farmácia, a 18 de Março de 2006...

Deixo-vos um pequeno excerto da apresentação feita pela Juiz Conselheiro Joaquim José Sousa Dinis:

... agora que vão surgindo como cogumelos, livros cuja trama incide sobre códigos disto e daquilo, aguardando a descodificação por decifradores inteligentes, inventados pelos autores, a Manuela traz-nos à luz do dia uma verdade tão evidente quanto simples. É que ninguém se lembra desses outros descodificadores, os farmacêuticos (englobo neste substantivo todos os que trabalham numa farmácia), como excepcionais decifradores de caligrafias que, por vezes mais parecem o produto de uma relação sexual entre um hieróglifo e uma escrita cuneiforme...
... Eram tempos difíceis para o povo,.... esse mesmo povo que aproveitava o vizinho, o amigo, o compadre que ia ao mercado a Coja, para lhe fazer as encomendas de que precisava. E os seus "precisos" andavam à volta da vida agrícola e da pecuária, e, claro, está, da sua saúde. Daí que no mesmo papel fosse encomendado o sulfato para as videiras, o deparasitante para o porco e os comprimidos para a furrica ou os "cresteres para obrar e 5 sacos ou quilos de cimento".
Basta consultar os variados "fac-similes" que ilustram o livro para o leitor se aperceber como, indirectamente, a Manuela nos consegue aproximar desse povo, tantas vezes distratado pelas gentes citadinas...
... Directamente ligado a esta vivência, está o humanismo com que o farmacêutico tem de exercer o seu múnus. Claro que seria mais fácil, quando não se entende o que está escrito, dizer que escreva melhor ou que não tem o produto. Mas isto seria defraudar a esperança de quem pede. Daí que tenha de se esforçar para entender o que quer o cliente, saber encontrar o remédio adequado e que se assemelhe não ao que está escrito, mas ao fonema que, com paciência se pode extrair do escrito....
... E quem já esqueceu as papas de linhaça, o algodão iodado, as ventosas, as hóstias manipuladas na farmácia? A Manuela traz-nos de volta a recordação dessas mezinhas que faziam o dia a dia das nossas avós. Pelo regresso ao passado, este é um "old fashion book".

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O que já se disse sobre as Estórias...

O nome pelo som
....«são estórias deliciosas e divertidas construídas através de "papelinhos" reunidos ao longo de quase três décadas pela autora, mas é sobretudo um espelho do país interior...
..... Tal como se refere no prefácio, este é um livro que nos leva, numa época de mundialização de novas tecnologias e da vivência da "aldeia global", à vivência da aldeia real"....
... muitas das pessoas de quem provêm estes bilhetinhos nem a 4ª classe têm, escrevem em função do som das palavras..» ( Paula Almeida in O Primeiro de Janeiro 27/12/05)

Um livro de estórias
... As Estórias vão-se sucedendo, página a página, capítulo a capítulo, sendo que estes nos deixam curiosos pelas designações que lhes atribuiu a autora. E logo nos fazem sorrir, mesmo antes de iniciarmos a leitura....
..... para quem pensava que apenas era difícil ler o receituário médico, pasma-se agora com a dificuldade de interpretar a vox pop que se inscrevia nos bilhetes dos "precisos".
Maçudo e desinteressante, são adjectivos que não cabem na apreciação deste livro. Pessoal, é certo, mas sobretudo histórico e etnográfico.... (Nuno Mata in A Comarca de Arganil 9/3/06)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A 1ª luz do dia...

As Estórias vieram à luz pública no dia 18 de Dezembro de 2005, na Casa da Cultura em Coimbra...