quinta-feira, 30 de outubro de 2008

As bruxas, os bruxedos e as bruxarias

Uns há que acreditam em Deus e em Nossa Senhora, outros há que são mais pelas bruxarias...
Vai daí lá vão eles ou elas, de táxi rumo àquela que já adivinhou "este mundo e o outro"...
Umas porque os namorados as deixaram... e coitaditas não comem, não dormem, estão a definhar a olhos vistos.
Os casos são muitos, todos estranhos e confusos, quase todos diferentes, mas o engraçado é que a receita é quase sempre a mesma:
- Um belo purgante feito à base de sene e maná, sulfato de magnésio e por vezes com umas ameixas secas cozidas...

Nada melhor para limpar tudo!.. estômago, intestinos, depois é só tomar uns caldinhos de galinha até se ter em pernas!...;)

Meio cilito de azeite às 4 da tarde, a seguir ó azeite uma chavina de chá de laranjeira, passa de 20 minutos o caldo de galinha, outro dia chá da folha da senna - 50$oo de maná, 50$00 plougante salamo, um qualto de ameixas secas tudo cozido num litro de água, todo dia beber água ó caldo da galinhas.
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folha da senna, ou da cêna = folha de sene (laxante)
plougante salamo, salagramo, prugante salamárgo = purgante de sulfato de magnésio, também designado de sal amargo (30gramas)
cilito = decilitro
qualto de ameixa = quarto de quilo = 250 gramas de ameixas secas
maná = suco resinoso, adocicado, que depois de seco se pode utilizar como purgante


Mudam-se os tempos mudam-se as vontades, já dizia o poeta, e é bem verdade...
Reparem no que é a evolução dos tempos!
Como podem verificar, aqui não se fala nos produtos a utilizar porque provavelmente, se depreende que já existe a preparação na farmácia, mas atentem bem em todos os outros cuidados e recomendações...

Em especial na dieta...
O geral até se entende, mas qual será o inconveniente de molhar os pés ou as mãos em água fria?!?!?
Esta nem eu ainda entendi!
Ah.. se repararem no canto superior direito, existe uma recomendação: 2 cópias dos meus pais e de mim.
O tratamento destinava-se a toda a família!...

Além destas "suculentas" receitas, as bruxas recomendavam ainda os defumadouros...
Tinham que ser feitos pela casa toda, pelos cantos, para espantar "os bruxedos"...
Podiam ser feitos de muitas maneiras:
- com incenso,
-com mirra,
- com folhas de eucalipto, etc.

O incenso e a mirra, como calculam, também são (eram) vendidos na farmácia!


Pelo que consegui apurar, juntavam os vários componentes numa lata onde pudessem pôr a arder, e lá iam com ela fumegante correr toda a casa...

Hoje em dia já se vendem embalagens com algumas misturas, prontas a queimar para este fim.

Algumas destas curandeiras utilizam apenas os defumadouros, umas velas acesas e umas orações a determinado "santo"...
... E também curam tudo!!!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Sanados os problemas...

Sanados os problemas que vos impediram de visitar as Estórias, e contando com a vossa compreensão para este tipo de "febres", ou quiçá, "maus olhados"... ;) vou continuar! Vêm aí as Bruxas....
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Curiosamente, ou mera coincidência , o próximo capítulo do livro, As bruxas, os bruxedos e as bruxarias, vai ser aqui referido provavelmente no mesmo dia em que há festejos sobre elas, 31 de Outubro, o dia das bruxas ou Halloween!

Esta festa, ou comemoração, de origem celta, tem mais de 2500 anos. Eles acreditavam que neste dia/noite, os espíritos voltavam às suas casas. Para afastarem estes fantasmas colocavam objectos assustadores, desde caveiras a abóboras e ossos decorados, à volta das casas. Por ser uma festa pagã, chegou a ser condenada na Europa , na Idade Média, pela Inquisição levando à perseguição e condenação à fogueira, daqueles que a comemoravam.

Hoje em dia resgatam-se estas referências de fantasmas, bruxas, caveiras, abóboras e outras figuras assustadoras, para fazer a festa, e, são principalmente as crianças, quem mais se diverte, percorrendo porta a porta, com a frase "bolinho ou pão por Deus", ou "doçuras ou travessuras", (trick or treat), aguardando que os donos da casa dêem qualquer coisa, das nozes às bolachas, dos rebuçados aos chocolates, ou até a moedinha por alma dos falecidos...
Vão cantarolando:
Pão por Deus/ fiel de Deus/ bolinho no saco/andai com Deus.
Bolinhos e bolinhós para mim e para vós/ para dar aos finados/ que estão mortos e enterrados /à porta daquela cruz....

Se a porta se abre...
Esta casa cheira a broa/aqui mora gente boa/esta casa cheira a vinho/aqui mora um santinho.
Se a porta fica fechada:
Esta casa cheira a alho/aqui mora algum bandalho/esta casa cheira a unto/aqui mora algum defunto.

Meras curiosidades abordadas ao de leve!... Dia das Bruxas - halloween

Falhas

Falhas.... a informática tem destas coisas... :(
Por qualquer motivo alheio à minha vontade, constatam-se algumas dificuldades em aceder às Estórias...
Espero brevemente descobrir e/ou solucionar o problema.
As minhas desculpas

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Há de tudo como na Farmácia


Há de tudo como na Farmácia...

Mas será que há???...

Num desses dias normais e pacatos duma farmácia de província sou confrontada com uma ofegante senhora, cheia de pressa que pretendia um terço...
Terço???... sim...
O vulgar rosário utilizado para rezar os Pais Nossos e Avé-Marias...

Eu explico: esta crente senhora ia a caminho de Fátima para cumprir uma promessa, quando se lembrou que tinha deixado o seu terço em casa, e, baseada no há de tudo como na farmácia, achou que eu lhe satisfaria o pedido.
Agora acreditem que lamentei não lhe poder valer, pois na realidade, a fé que ela transmitia era imensa e a falta do terço parecia ser o impedimento para a concretização da promessa por ela feita, sabe-se lá em que aflição...

sábado, 25 de outubro de 2008

As mezinhas


O termo deriva do latim medicina, «remédio».

Mezinhas podem ser consideradas os remédios ou receitas caseiras com que, antigamente, se tratavam muitos males, em pessoas ou animais, principalmente em zonas onde não chegavam os médicos nem os seus conhecimentos, onde apenas existia a parteira, o ferrador, o curioso...
...

Alvaide de zinco para tirar o "pisado" (hematomas).
O alvaide era amassado com água formando uma pasta que se aplicava sobre a nódoa negra.
...
Agora é evidente que o Thrombocid e o Hirudoid ou o mais recente Arnidol resolvem o problema.

Preparados???

Certamente não esperam ter aqui todo o conteúdo das Estórias!...

Portanto, vou seleccionar algumas das melhores (estórias), na expectativa de aguçar alguns apetites para a sua posterior leitura, quem sabe num exemplar autografado!!!

De cada capítulo terão no mínimo um "bilhetinho" e uma "estória"!

Disfrutem!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Mais umas imagens!








Eu estava tão feliz... Consegui mais uma vez reunir familiares e amigos!... ;)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

As Estórias em Lisboa...

As Estórias tiveram o privilégio de renascer em Lisboa, no Museu da Farmácia, a 18 de Março de 2006...

Deixo-vos um pequeno excerto da apresentação feita pela Juiz Conselheiro Joaquim José Sousa Dinis:

... agora que vão surgindo como cogumelos, livros cuja trama incide sobre códigos disto e daquilo, aguardando a descodificação por decifradores inteligentes, inventados pelos autores, a Manuela traz-nos à luz do dia uma verdade tão evidente quanto simples. É que ninguém se lembra desses outros descodificadores, os farmacêuticos (englobo neste substantivo todos os que trabalham numa farmácia), como excepcionais decifradores de caligrafias que, por vezes mais parecem o produto de uma relação sexual entre um hieróglifo e uma escrita cuneiforme...
... Eram tempos difíceis para o povo,.... esse mesmo povo que aproveitava o vizinho, o amigo, o compadre que ia ao mercado a Coja, para lhe fazer as encomendas de que precisava. E os seus "precisos" andavam à volta da vida agrícola e da pecuária, e, claro, está, da sua saúde. Daí que no mesmo papel fosse encomendado o sulfato para as videiras, o deparasitante para o porco e os comprimidos para a furrica ou os "cresteres para obrar e 5 sacos ou quilos de cimento".
Basta consultar os variados "fac-similes" que ilustram o livro para o leitor se aperceber como, indirectamente, a Manuela nos consegue aproximar desse povo, tantas vezes distratado pelas gentes citadinas...
... Directamente ligado a esta vivência, está o humanismo com que o farmacêutico tem de exercer o seu múnus. Claro que seria mais fácil, quando não se entende o que está escrito, dizer que escreva melhor ou que não tem o produto. Mas isto seria defraudar a esperança de quem pede. Daí que tenha de se esforçar para entender o que quer o cliente, saber encontrar o remédio adequado e que se assemelhe não ao que está escrito, mas ao fonema que, com paciência se pode extrair do escrito....
... E quem já esqueceu as papas de linhaça, o algodão iodado, as ventosas, as hóstias manipuladas na farmácia? A Manuela traz-nos de volta a recordação dessas mezinhas que faziam o dia a dia das nossas avós. Pelo regresso ao passado, este é um "old fashion book".

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O que já se disse sobre as Estórias...

O nome pelo som
....«são estórias deliciosas e divertidas construídas através de "papelinhos" reunidos ao longo de quase três décadas pela autora, mas é sobretudo um espelho do país interior...
..... Tal como se refere no prefácio, este é um livro que nos leva, numa época de mundialização de novas tecnologias e da vivência da "aldeia global", à vivência da aldeia real"....
... muitas das pessoas de quem provêm estes bilhetinhos nem a 4ª classe têm, escrevem em função do som das palavras..» ( Paula Almeida in O Primeiro de Janeiro 27/12/05)

Um livro de estórias
... As Estórias vão-se sucedendo, página a página, capítulo a capítulo, sendo que estes nos deixam curiosos pelas designações que lhes atribuiu a autora. E logo nos fazem sorrir, mesmo antes de iniciarmos a leitura....
..... para quem pensava que apenas era difícil ler o receituário médico, pasma-se agora com a dificuldade de interpretar a vox pop que se inscrevia nos bilhetes dos "precisos".
Maçudo e desinteressante, são adjectivos que não cabem na apreciação deste livro. Pessoal, é certo, mas sobretudo histórico e etnográfico.... (Nuno Mata in A Comarca de Arganil 9/3/06)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A 1ª luz do dia...

As Estórias vieram à luz pública no dia 18 de Dezembro de 2005, na Casa da Cultura em Coimbra...





quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Breve introdução...

Durante 31 anos de serviço atrás do balcão da Farmácia, 28 em Coja e mais 3 em Coimbra, fui reunindo pequenos bilhetes de recados, onde ... os vizinhos, de véspera, iam pedir, a quem descia ao povoado, para lhes levar os seus "precisos"...

Se tiverem paciência, ou melhor, curiosidade, têm 250 páginas de estórias ao vosso dispor, onde podem encontrar um pouco de tudo!
Receitas de médicos, ilegíveis..., mezinhas caseiras, "receitas" de bruxas e ferradores, adivinhas, charadas e, agora que estamos na época das vindimas, têm até os produtos para a desinfecção das uvas...

Juntei aos meus papelinhos mais uns cedidos por um colega, separei-os em 27 temas, ilustrados pelo primo José Maria Pimentel, e com o patrocínio de um Laboratório, o interesse da MinervaCoimbra, a preciosa ajuda do meu filho Francisco, e do "adoptivo" Pedro ;) , a colaboração de alguns amigos, manipulei esta obra de que tanto me orgulho:" ESTÓRIAS QUE FAZEM A HISTÓRIA DE UMA FARMÁCIA".