quinta-feira, 23 de outubro de 2008

As Estórias em Lisboa...

As Estórias tiveram o privilégio de renascer em Lisboa, no Museu da Farmácia, a 18 de Março de 2006...

Deixo-vos um pequeno excerto da apresentação feita pela Juiz Conselheiro Joaquim José Sousa Dinis:

... agora que vão surgindo como cogumelos, livros cuja trama incide sobre códigos disto e daquilo, aguardando a descodificação por decifradores inteligentes, inventados pelos autores, a Manuela traz-nos à luz do dia uma verdade tão evidente quanto simples. É que ninguém se lembra desses outros descodificadores, os farmacêuticos (englobo neste substantivo todos os que trabalham numa farmácia), como excepcionais decifradores de caligrafias que, por vezes mais parecem o produto de uma relação sexual entre um hieróglifo e uma escrita cuneiforme...
... Eram tempos difíceis para o povo,.... esse mesmo povo que aproveitava o vizinho, o amigo, o compadre que ia ao mercado a Coja, para lhe fazer as encomendas de que precisava. E os seus "precisos" andavam à volta da vida agrícola e da pecuária, e, claro, está, da sua saúde. Daí que no mesmo papel fosse encomendado o sulfato para as videiras, o deparasitante para o porco e os comprimidos para a furrica ou os "cresteres para obrar e 5 sacos ou quilos de cimento".
Basta consultar os variados "fac-similes" que ilustram o livro para o leitor se aperceber como, indirectamente, a Manuela nos consegue aproximar desse povo, tantas vezes distratado pelas gentes citadinas...
... Directamente ligado a esta vivência, está o humanismo com que o farmacêutico tem de exercer o seu múnus. Claro que seria mais fácil, quando não se entende o que está escrito, dizer que escreva melhor ou que não tem o produto. Mas isto seria defraudar a esperança de quem pede. Daí que tenha de se esforçar para entender o que quer o cliente, saber encontrar o remédio adequado e que se assemelhe não ao que está escrito, mas ao fonema que, com paciência se pode extrair do escrito....
... E quem já esqueceu as papas de linhaça, o algodão iodado, as ventosas, as hóstias manipuladas na farmácia? A Manuela traz-nos de volta a recordação dessas mezinhas que faziam o dia a dia das nossas avós. Pelo regresso ao passado, este é um "old fashion book".

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