segunda-feira, 25 de outubro de 2010

As "cheringas"

As seringas, actualmente, só existem no mercado em embalagens individuais, devidamente esterilizadas e para uma só utilização, mas aqui há trinta anos atrás estas eram de vidro e havia a necessidade de proceder à sua esterilização, fervendo-as durante alguns minutos.

Nos meios pequenos, como não havia enfermeiros de serviço diariamente, recorria-se aos curiosos que, com mais ou menos habilidade, nos davam as injecções com uma seringa que servia para tudo e todos, mudando apenas a agulha em função do tipo de substância a injectar.

Para tentar dar uma ideia, a pessoa que tinha esta “habilidade” necessitava de ter uma ou duas seringas, vários tamanhos de agulhas e a sua respectiva caixa metálica, que servia como recipiente para a esterilização de todo o material.

No fundo, era um estojo metálico, que existia em dois ou três tamanhos, onde cabia a seringa, aberta, as agulhas e uma pequena grelha que funcionava como suporte para colocar a caixa em cima quando era posta a ferver.

Colocava-se álcool na tampa, que servia de base para a grelha, sobre a qual se punha a caixa com água, contendo o material necessário para a aplicação da injecção prescrita e esperava-se que fervesse.

Todo este procedimento obrigava a um demorado ritual, pois era necessário depois da esterilização do material aguardar o seu arrefecimento para poder ser utilizado.

Era mais uma oportunidade para pôr as conversas em dia, das maleitas ao trabalho que ficou por fazer…

Com a evolução apareceram as seringas descartáveis e desapareceram os “curiosos”. Também começou a existir um maior controlo dessas situações devido a complicações originadas por injecções mal dadas que provocavam "caroços", sendo por vezes necessário abri-los para drenar.

Hoje em dia as injecções quando prescritas já são acompanhadas de uma guia de tratamento de acordo com a disponibilidade do serviço de enfermagem do centro de saúde da área de residência.

É evidente que aos fins-de-semana as coisas complicam-se e ou se tem um enfermeiro familiar ou amigo ou estamos à mercê de quem se atreve a fazê-lo mesmo sem formação para tal.

1 comentário:

F.F. disse...

ó filha em 64,,,,,em Coja quem me deu injecções foi o Fernando ( já falecido ) que era dos correios, marido da Catarina da Pensão...lembras-te dele ?
olha tinha as agulhas na caixa da ferramenta....... ia-me dando uma coisa......depois conto-te essa "estória"